por Magno Urbano
Actualmente, muito poucas pessoas estão dispostas a arriscar, a tentar ou a assumir responsabilidades. Por isso vemos, por exemplo, em Hollywood, um festival de mediocridade onde, praticamente, todas as empresas produtoras de vídeo limitam-se a fazer sequelas ou novas versões de filmes já feitos. Todos querem ter salário de chefia, de preferência, sem ter de assumir qualquer responsabilidade. Assumir responsabilidades, no pensamento geral, pode significar a derrocada de uma carreira, em caso de erro.
Vejamos, por exemplo, o caso ocorrido com a Intel, há alguns anos.
Por tratar-se de uma empresa multinacional, a Intel possui vários escritórios regionais ao redor do mundo. Todos esses escritórios, devido ao pânico instaurado de nunca assumir responsabilidades, aguardam, pacientemente, pelas normas e linhas gerais a seguir, determinadas pela sede. Assim, podem dormir tranquilos, uma vez que a responsabilidade, em caso de falha, sempre cairá sobre os que traçaram as directrizes.
Entretanto, existe um problema: por tratar-se de uma empresa multinacional, todas as directrizes gerais precisam ser adaptadas às diferentes culturas e línguas, o que pode ser catastrófico, se mal feito. E assim foi.
O ano era 2002 e a Intel acabara de lançar uma campanha para ressaltar aquilo que a marca representava para as empresas: “inovação, estabilidade e confiança ao longo de uma enorme linha de equipamentos e ofertas tecnológicas“, segundo a própria Intel. Então, lançaram uma campanha baseada na palavra YES (sim), campanha essa que mostrava, de forma positiva, que escolher Intel era ter todas as questões respondidas e resolvidas.
Para atingir estes objectivos, idealizaram um logotipo, para a campanha, com a palavra YES, escrita em negrito (para reforçar a ideia de determinação), num fundo azul. A campanha foi, então, lançada nos EUA. Veja a imagem da esquerda na figura deste artigo.
Ao mesmo tempo em que lançava a campanha nos EUA, a Intel certificou-se de enviar, o logotipo, para todos os escritórios regionais, com instruções para que fossem utilizados sem modificações.
Entretanto, ao ser lançada a campanha na Russia, algumas modificações tiveram de ser feitas. Como YES é uma palavra estrangeira e as letras Y e S não existem no alfabeto cirílico, colocaram um asterisco do lado do YES, que enviava o leitor à uma nota de rodapé onde havia a tradução da palavra. Veja a segunda imagem na figura mostrada, de seguida.
Entretanto, observe o que aconteceu ao logotipo.
O asterisco faz surgir, no leitor, a ideia de existem ressalvas ao SIM. Então, pensa o leitor, que o SIM perde a convicção e o leitor começa a pensar que o SIM, provavelmente, poderá ser um TALVEZ, o que arruina completamente a campanha.
A grande lição é que as vezes, um pequeno elemento como um asterisco, pode ser decisivo!
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2 Opiniões
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adriano silva lopes on
Setembro 12, 20074:27
este artigo está bem descrito e são factos reais. mas eu queria me enviasem algumas dicas como eu de demonstrar ou assumir responsabilidade em qualquer empresa. muito obrigado peço deferimento
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magno.urbano on
Setembro 12, 20076:20
Não existe regra geral que sirva para todas os casos. É preciso ter confiança naquilo que se faz e ousar ter iniciativa. É estranho falar a frase "ousar ter iniciativa", quando a iniciativa devia ser algo normal e não ousado. Hoje em dia as pessoas ficam passivas diante dos acontecimentos e esperam as coisas acontecerem. É por isso que vemos, por exemplo, o surgimento de cantores e artistas medíocres, que surgem e são promovidos porque são os únicos que se apresentam às portas das editoras com algum tipo de projecto.