por Magno Urbano
(… continuação - clique aqui para ler a parte 2 de 3)
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Quando o Google alcançou a liderança? Alguns poderão dizer que a liderança ocorreu quando o Google lançou as suas acções no mercado, entretanto, acho que a liderança foi alcançada em 2005, quando lançaram o Gmail. O Gmail mostrou que o Google podia fazer mais do que ser apenas um search engine.
O Gmail, a meu ver, foi a segunda causa da morte da Microsoft e mostrou o quanto se poderia fazer com um software a funcionar na web (não instalado no computador). Hoje até a Microsoft vê que mais e mais aplicações funcionarão pela web. Não só emails, mas tudo, inclusive programas com o Photoshop.
Uma das tecnologias usadas no Gmail foi o AJAX. Irónicamente, a Microsoft, sem querer, ajudou a criar o AJAX no final da década de 90 para ser usado no Outlook. O X da sigla AJAX, significa XHTML HTTP Request, que permite a comunicação do browser com o servidor enquanto a página está a ser visualizada, sem a necessidade de ter de carregá-la novamente.
Outro componente crítico do AJAX é o Javascript, a linguagem de programação que corre no browser. A Microsoft percebeu o quão perigoso era o Javascript, desde o início e (ao assumir a liderança dos browsers com o Internet Explorer) tentou manter o Javascript sempre a funcionar mal no seu browser - para evitar o perigo. Entretanto, eventualmente os programadores de open source perceberam a vigarice e produziram bibliotecas grátis que supriram os “defeitos” do Internet Explorer e fizeram-no funcionar, correctamente. Foi uma tarefa tão árdua como como fazer crescer vegetação sobre arame de farpa.
A terceira causa de morte da Microsoft foi a Internet banda larga. Qualquer pessoa pode, hoje, ter acesso à Internet de banda larga. E quanto maior a velocidade, menos dependência o utilizador precisa de ter de um programa instalado no seu próprio computador.
O último prego no caixão da Microsoft veio da Apple. Graças ao Mac OS X - e dos iPod (N.T.) - , a Apple ressurgiu dos mortos, de uma forma totalmente invulgar na área tecnológica. A sua vitória é tão completa que agora me surpreendo quando vejo um computador a correr o Windows. Quase todos os meus clientes usam portáteis da Apple. O mesmo acontece com os alunos das minhas escolas. Todos os que conheço estão a usar Mac ou Linux. Windows é para avózinhas, como o Mac era na década de 90. Qualquer pessoa que lide com informática a sério, não usa mais produtos da Microsoft.
Obviamente, a Apple também está a liderar e a derrotar a Microsoft na música (com os iPod e iTunes) e não nos esqueçamos dos telemóveis (iPhone) que aí vêm (em junho de 2007).
Estou feliz pela Microsoft ter morrido. Eles eram como Nero ou Cómodo - malígnos de uma forma que apenas o poder herdado torna possível. Lembremos que o monopólio da Microsoft foi recebido de presente da IBM. O negócio do software esteve enforcado por um monopólio de 1950 até 2005 - praticamente durante toda a sua existência. Uma das razões da Web 2.0 ter esse ar eufórico é o sentimento, consciente ou não, de que a era monopolísta acabou, finalmente.
É claro que, como um hacker, continuo a pensar de que pode haver uma hipótese da Microsoft renascer. Teoricamente, existe esta hipótese. Lembremos de que a Microsoft ainda tem uma quantidade de dinheiro muito grande e lembremos de que há dez anos atrás, Sergey Brinn e Larry Page (fundadores do Google), estavam a bater de porta em porta a tentar vender a ideia do Google por um milhão de dólares, antes de terem sido rejeitados e resolverem criar a própria empresa.
Isso leva à conclusão de que programadores e criadores brilhantes - perigosamente brilhantes - podem ser conseguidos por muito pouco, principalmente, para uma empresa com tanto dinheiro. Então, a receita para o renascimento da Microsoft poderia ser, por exemplo:
- Comprar todas as empresas de Web 2.0 que surgirem para eliminar a concorrência.
- Colocar todas elas em Silicon Valley, num local isolado com uma couraça de chumbo, para impedir qualquer contacto com os executivos de Redmond.
Sinto-me seguro em fazer esta sugestão, porque sei que nunca o farão. A maior fraqueza da Microsoft é ainda não ter percebido o quão péssimos e incompetentes eles são. Eles ainda pensam que têm a capacidade de desenvolver software.
Eu sei qual será a reação a este artigo. Metade dos leitores vai dizer que a Microsoft ainda é uma companhia rentável e que eu deveria ser mais cuidadoso ao traçar conclusões baseadas no pensamento de alguns da Web 2.0. A outra metade, a mais jovem, vai reclamar de que estou a dar uma notícia velha.
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3 Opiniões
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Dox Volstang on
Outubro 22, 200711:46
Post muito bom! Realmente uma notícia antiga, a previsão de todos os usuários de vários sistemas operacionais é essa. Shallon
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Rodrigues on
Janeiro 6, 200817:39
A "decadencia" declarada da Microsoft ainda vai demorar muito pelo fato de haver uma coisa chamada "hábito", é, o habito de usar uma coisa por muito tempo e ter que se desfazer dela´só por que apareceu uma novidade que faz a mesma coisa! Então vamos esperar a geração atual terminar para depois acustumar os que virão. Profº Rodrigues Belém Pa prtalcec@ig.com.br
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magno.urbano on
Janeiro 6, 200820:01
Dox, a notícia de que a Microsoft vai morrer é uma coisa, dizer que ela já está, é outra. O que acontece hoje é que ela já está morta, pois não representa mais nenhuma ameaça para nenhuma empresa e ninguém se interessa mais pelos seus produtos. Na verdade, o WIndows 98 foi o último produto que gerou expectativa e procura no mercado. Depois disso, todos os produtos foram um falhanço ou passaram desapercebidos. Exemplos: Windows Me, Windows 2000, Windows 2003, Windows Vista, etc. A Microsoft sempre baseou as suas vendas na força do monopólio e nunca venceu nenhuma disputa quando tinha de concorrer com outras empresas. Basta ver todos os produtos copiados da concorrência, como o Live, Maps, Ads, Zune, Play4Sure, Microsoft Marketplace, etc. A Microsoft sempre se baseou no vapourware, ou seja, anunciar que possui produtos de vanguarda que está prestes a lançar, para fazer o comprador adiar a compra do produto. Exemplo: Microsoft Touch Table (produto comprado de terceiros) e que foi "prometido" para lançamento em breve, o qual só vai ser lançado quando existirem vários no mercado.