por Magno Urbano
Nem toda a gente que lida com vídeos consegue entender a diferença entre os diversos aspect ratios (relação entre a largura e a altura da imagem) dos vídeos. Num mundo onde tantos formatos existem, por vezes fica difícil compreender todas estas relações.
Quando do surgimento da televisão, foi adoptado o formato 4:3 para a imagem. Isso significa que, se dividirmos a largura da imagem em quatro partes iguais então a altura equivalerá a três partes. Esse é o aspect ratio dos antigos televisores NTSC, PAL ou SECAM e equivale à imagem que mostramos na imagem seguinte:
aspect ratio 4:3 (famoso padrão de testes Indian Head)
Ao mesmo tempo, outros aspect ratios de imagem eram usados noutras tecnologias de imagem como as películas de Cinema, onde era largamente utilizado o aspecto 16:9 e outros. Surgiam então problemas de como mostrar um filme de cinema na televisão, já que as imagens não tinham a mesma relação de altura e largura.
A solução mais óbvia seria a de ampliar a imagem 16:9 até esta ocupar toda a altura da imagem 4:3. Ao fazê-lo – observe na figura seguinte –, partes da imagem 16:9 (indicadas por A e B), ficarão completamente fora da imagem e não serão mostradas no televisor.
imagem 4:3 (azul) sobreposta a uma imagem 16:9
Durante esse processo de transformação da imagem 16:9 para a 4:3, parte da imagem original perdia-se e jamais era vista. Para piorar a situação, em alguns filmes, era essencial ver toda a imagem, pois havia acção a decorrer nas extremidades da imagem. Na primeira tentativa de solucionar o problema, os estúdios resolveram movimentar a imagem maior, para a esquerda ou para a direita, lentamente, conforme a cena, para tentar manter a acção no centro da imagem (processo chamado de Pan & Scan). Entretanto, essa solução não era satisfatória, nomeadamente para os que gostavam de cinema e queriam ver toda a imagem.
Então, resolveram diminuir a imagem maior até que essa tivesse o mesmo tamanho horizontal da imagem 4:3. Ao fazê-lo era preciso inserir barras horizontais, a negro, em cima e em baixo da imagem. Estava criado o formato chamado de Letterbox (veja a figura seguinte).
formato letterbox
Então, finalmente surgiram os tevisores widescreen, capazes de mostrar imagens no formato 16:9 sem qualquer tipo de adaptação. Começaram então os problemas inversos, ou seja, de como mostrar uma imagem 4:3 num ecrã 16:9.
A primeira ideia menos inteligente, era a de ampliar a imagem 4:3 na horizontal até esta ocupar toda a largura da imagem 16:9, o que trouxe-nos resultados grotescos como a imagem deformada que vemos na figura seguinte:
imagem 4:3 ampliada na horizontal até o aspect ratio 16:9
Depois disso, imaginou-se uma solução similar ao Letterbox, onde a imagem de 4:3 era colocada no centro do ecrã, com barras negras do dois lados (A e B):
imagem 4:3 num ecrã 16:9
O problema dos diferentes aspect ratios das imagens é uma questão de longa data. O surgimento de tecnologias como os televisores wide screen resolvem apenas uma parte do problema. Durante décadas e ainda hoje, filmes em diferentes sistemas como, por exemplo, CinemaScope ou iMax, possuem diferentes aspect ratios. Numa gama de mais de 20 aspect ratios diferentes, só em cinema, os televisores widescreen resolvem apenas um formato, assim como o antigo televisor 4:3. A diferença está apenas na qualidade da imagem.
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13 Opiniões
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João on
Janeiro 5, 20084:36
OI, TUDO BEM? QUERIA TIRAR UMA DÚVIDA.EU TENHO UMA FILMADORA QUE FILMA EM HD,EU FILMO NO FORMATO WIDESCREEN, QUANDO VOU TRABALHAR NO ADOBE PREMIERE, A IMAGEM SAI BEM DEFORMADA, JÁ CONFIGUREI O PROJETO E NÃO TEM JEITO.PODERIA ME AJUDAR? Valeu! Abraços!
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Denis on
Setembro 10, 200819:12
Gostei da explicação simples e detalhada. Parabéns!
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Magno Urbano on
Setembro 10, 200821:21
Obrigado Denis!
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Felipe on
Outubro 29, 200814:57
Muito bem , simples e completo
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Magno Urbano on
Outubro 29, 200816:48
obrigado Felipe!
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Cesar Ramos on
Dezembro 11, 20084:36
Olá amigo, excelente a tecnologia relatada aqui, coisas despercebidas por muitos, porem com conteúdo Global!
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cléber on
Janeiro 3, 201019:48
Muito oportuno. Neste momento enfrento a mesma problemática onde trabalho. Compraram a Ilha não-linear Final Cut e câmeras Xdcam/E3. O problema é q veiculamos td em Beta. A bronca é: conseguirmos dar a saída do material em 4:3, aindañão sabemos se á câmera permite gravar em 4:3 ou se a ilha converte o 16:9 na saída pro Vt. Podes ajudar? Grato! Cléber.
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Magno Urbano on
Janeiro 3, 201020:27
Obviamente poderá fazer todas as conversões que quiser no Final Cut pro, mesmo que o material original seja HD.
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valdir ribeiro on
Fevereiro 17, 201011:49
orientação tenho uma tv de lcd 42´´hd ready, o receptor tbm é hd, acotece q nao sei qual é a melhor configuração q posso deixar a tvpara tirar o maximo de qualidade, estou usando uma entrada hdmi. 1080i ou 1080p palm ou ntc pam - scan sinceramente poderiam me ajudar ? obrigado Valdir
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Magno Urbano on
Fevereiro 18, 20101:42
Caro Valdir, é difícil dizer isso pois essas TVs novas possuem milhares de ajustes que poderá fazer para ter a melhor imagem. Normalmente, eu não gosto dos ajustes que elas trazem de fábrica, pois eles são feitos para exagerar cores, brilhos e contrastes para dar a impressão que a TV é melhor do que ela realmente é. Uma das coisas que mais me incomoda é a nitidez exagerada das cores. Essa nitidez é conseguida de forma artificial, pelo uso de um esquema do tipo utilizado pelo filtro Unsharp Mask no Photoshop. Esse esquema cria halos à volta de certas cores, nomeadamente das cores básicas (vermelho, verde e azul). Um teste que eu faço é ligar, na TV, um computador que forneça a resolução máxima desta. Então, eu uso essa imagem para servir como guia no ajuste. Com a imagem do computador, vá reduzindo o contraste das cores até as letras ficarem nítidas e as cores ficarem reais.
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Luiz dos Campos on
Fevereiro 24, 201020:45
O Magno, mago, magnífico, amigoww!! Professor nato, parceiro!! Valeu a superAULA!!!
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Magno Urbano on
Fevereiro 25, 20103:21
Obrigado Luiz!!!
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walmir lopes on
Maio 5, 201114:14
Muito esclarecedora!!!