por Magno Urbano
O Linux é uma adaptação do Unix criada pelo programador Linus Torvalds para correr no PC e ser uma alternativa ao Windows. O Linux está disponível há décadas. Mesmo assim, porque não consegue atrair utilizadores em massa? Mesmo sendo um sistema de uso livre e poder ser descarregado de graça, porque não consegue popularidade? Porque o Mac OS X da Apple, sendo uma variação do Unix, conseguiu, em pouco tempo, ultrapassar o Linux e hoje ter uma base de utilizadores 10 vezes maior?
A resposta está na falta de objectividade, de clareza e de simplicidade. A primeira questão, certamente, está ligada às inúmeras versões de Linux. Para um sistema que, supostamente, quer ser uma alternativa ao Windows, ter milhões de versões não ajuda muito. Basta vermos a confusão causada pela Microsoft contra ela mesma ao lançar seis diferentes versões do Vista – que consegue ser péssimo em todas elas.
Para mostrar a falta de clareza e de simplicidade cito como exemplo, um episódio recente que aconteceu comigo. Apesar de não ser especialista em Linux, consigo lidar razoavelmente bem neste sistema. Então, precisava de actualizar a versão do PHP de um servidor com sistema operativo CentOS (variação do Linux Fedora/Red Hat), da versão 5.2 para a versão 5.2.5. Aparentemente, tratava-se de uma questão simples: fazia o download da versão nova e corria a sua actualização. Os problemas começaram quando vemos que existem variações na forma de instalação da actualização, conforme o sistema operativo. Então, temos de procurar no Google onde fazer download da versão apropriada do PHP ao CentOS 5 e descobrir como fazer a actualização neste sistema. A maneira mais "fácil" de fazer isso seria utilizar o programa Yum, ferramenta que, teoricamente, destina-se a facilitar a instalação de programas em geral. Ao tentar utilizar o Yum, descobro que o sistema não tinha essa ferramenta. Então precisava, primeiramente, descarregar e instalar o Yum para poder instalar o PHP. Novamente, descobro que existem zilhões de maneiras de instalar o Yum, cada qual indicada a um sistema específico. Mais algumas pesquisas no Google e vejo onde e como posso fazer o download da versão do Yum apropriada à máquina onde será instalado. Meia hora depois, finalmente posso correr a instalação do Yum que, então, mostra-me a seguinte mensagem:
Para instalar o Yum é preciso ter no sistema os seguintes programas: libsqlite-2.8.15-1.i386.rpm python-elementtree python-sqlite urlgrabber
Por outras palavras: agora era preciso instalar as bibliotecas do SQLite, o Python ElementTree, o Python SQLite e o URLGrabber, para poder instalar o Yum, para poder instalar o PHP. Obviamente, nenhuma informação acerca de onde estes programas podiam ser encontrados é fornecida e, logicamente, existirão 8 zilhões de versões destes programas para cada uma das versões de Linux.
As grandes perguntas que ficam a responder são: que tipo de amador faz um programa de instalação que não vem acompanhado de todos os requisitos necessários à própria instalação? Será que haverá a necessidade de desenvolver um programa de instalação para instalar o programa de instalação?
Tendo desistido de utilizar o método do Yum, resolvi que seria mais "fácil" tentar instalar o PHP directamente. Mais um século de pesquisas no Google, encontro e descarrego a versão do PHP necessária. Então, esgotado mentalmente, corro a instalação do PHP que, obviamente, pára 10 segundos depois com uma mensagem de erro a informar que era preciso instalar o compilador de C (gcc). Não é preciso dizer que ao tentar instalar o GCC, foi-me apresentada uma mensagem de erro a indicar que era preciso instalar, antes, oito outros programas e bibliotecas: binutils, cpp, glibc-devel, libc.so.6, libgcc, libgomp, libgomp.so.1 e rtld. Três horas depois de começar e depois de instalar 12 programas, finalmente consegui actualizar o PHP. Essas e outras trapalhadas e complexidades fazem o Linux ser um sistema confuso e inacessível. É preciso reconhecer, entretanto, que o sistema Ubuntu conseguiu facilitar muitas coisas no Linux, mas esse ainda é, para o simples mortal, um sistema confuso. Do ponto de vista técnico, o Linux e o Unix (dentre eles o Mac OS X) são sistemas insuperáveis e todos os servidores de web que utilizo sempre haverão de correr nestes sistemas. Do ponto de vista do utilizador comum, o Mac OS X é o melhor sistema, pois possui a melhor interface gráfica construída sobre a base sólida do Unix e, por isso, tem conquistado cada vez mais utilizadores. De forma comparativa o Linux seria um camião com 8322 cabinas cada uma a apontar para uma direcção, o Mac OS X seria um Jaguar e o Windows, coitado, um velocípede.
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6 Opiniões
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paulo r silva on
Julho 19, 200816:23
Excelência de texto c/ fluidez de raciocínio, fidelidade à lógica e análise c/ total espírito de isenção... Paulo R Silva
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Magno Urbano on
Julho 19, 200816:56
Caro Paulo, agradeço os elogios!
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ARO on
Outubro 1, 200814:27
Não é por nada não mais o KDE e muito mais amigável que a interface do MAC
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nanana on
Outubro 1, 200816:42
Cara... Possivelmente vc não instalou o pacote completo do CentoOS. Na proxima instalação selecione TODOS os pacotes disponíveis, que provalmente isso não ocorrerá. Pois esses pacotes citados existem como padrão no CentOS é só selecionar os mesmo! Na proxima, não ecomonize em HD e se stress menos! Falowww
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Magno Urbano on
Outubro 1, 200818:58
A interface do linux é cópia da interface do Windows. Por isso, não faz sentido dizer que a interface do Linux é melhor do que a do Mac, pois a interface do Windows também teria de ser melhor que a do Mac e nem no maior dos sonhos isso poderia ver a acontecer. A interface do Mac não é perfeira, mas é infinitamente melhor do que qualquer outra no mercado.
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Magno Urbano on
Outubro 1, 200819:00
Não se tratra de instalar o pacote completo ou incompleto. Por vezes não temos controlo sobre o que já está ou não está instalado numa máquina. A grande questão, entretanto, é instalar algo que ainda não está instalado e isso, no Linux, é um pesadelo.